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GENTE

A alma, o ser, o eu de cada um de nós é plural como fantasmas habitando uma casa construída por deuses. Cada um acreditando, por um momento rápido ou um pouco mais longo, que é único, indivisível e eterno. Poderíamos falar com nós mesmos como o Fausto de Goethe:

 

"Tornai-me a aparecer, entes imaginários,

que me enchíeis outrora os olhos visionários.

Poder-vos-ei fixar?... Tenho inda coração

capaz de se render à vossa sedução?...

Chegam... que densa turba! Envolve-me... Não posso
furtar-me ao seu triunfo. Eis-me, Visões, sou vosso."

As nossas personalidades são a pintura , quadros e móveis do nosso corpo e o nosso eu são eus, hora sim hora não, mentiras ou nuvens sob o céu da realidade. É necessário um choque para um olhar profundo para nós mesmos, ah e nervos de aço. Tudo passa, tudo volta, a beleza surge e nós fotografamos, desponta a feiura e nós a registramos, para o bem do teatro da vida. Terminemos com Fausto:

"Começa em vagos sons meu estro a palpitar,
qual de uma harpa eólia o triste delirar...
Já sinto estremeções; o pranto segue ao pranto,
e o duro coração se abranda por encanto.

O que foi, torna a ser. O que é, perde existência.
O palpável é nada. O nada assume essência."

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