Houve um tempo de lúdico espanto
Onde a luz brincava nas folhas
E o vento sussurrava segredos
Sobre reinos inconquistados.
As montanhas num horizonte sem fim
Eram guardiãs de outros mundos
Que na imaginação eram cantadas por elfos.
Houve um tempo que a noite era viva
Repleta de poder e inimigos do além.
Da lua sentíamos o peso do seu olhar
E queríamos uivar de alegria por ela existir.
Estrelas... ah, as estrelas, eram constelações
De emoções atávicas que nos atavam ao infinito.
A grama era mais verde;
O amor muito mais mágico;
A chuva banhava a alma;
A dor bem mais intensa;
A risada ecoava do coração
E corríamos como reis num universo paralelo!
Houve um tempo que a felicidade era simples
E as plantas, os animais e o céu;
E o distante e o perto, o sonho e a realidade
Se irmanavam em mim
E ríamos juntos espantados com nós mesmos.